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Troncos decorativos

Fiquei aqui ensaiando e experimentando nomes para esse post… Como descrever esse novo trabalho?

Bem, acho que fiz a escolha certa…

Troncos com flores da Mantiqueira

Em minhas andanças pela roça, encontrei esses dois pedaços de troncos de madeira, descartados de alguma cerca. O que me chamou a atenção nesses dois é que ambos conservavam uma base plana, o que fazia com que eles permanecessem em pé. E logo vi ali uma oportunidade: mais uma opção de decoração com madeiras naturais nascia.

Os troncos, como os encontrei

Eles estavam bem sujos de terra, então eu dei uma lavada mesmo, com água corrente e esponja, e deixei que secassem completamente por 24 horas. Como estamos no inverno, o ar está seco, e eles secaram bem.

Os troncos depois de limpos e lixados

Com a lixadeira elétrica, consegui lixar bem os dois, e para minha surpresa, a madeira tinha um bonito tom avermelhado, com algumas manchas mais escuras. Não sei que madeira é, mas é uma madeira de qualidade, embora já muito exposta ao tempo. Gostei do resultado, e essas faces da frente foram as que escolhi para pintar.

Parte de trás dos troncos

A parte de trás dos troncos ainda tinha um pouco da casca da madeira, e ela estava se soltando, desfazendo. Então, para evitar que se soltasse mais, eu apliquei uma camada ligeiramente diluída de cola branca. A cola segurou a casca e deu uma certa impermeabilizada na madeira, deixando-a com um leve brilho. Mas apliquei apenas na parte de trás, e não na parte da frente, onde eu faria a pintura.

Em detalhe

Os dois troncos tinha duas faces lisas cada um, portanto eu poderia pintar quatro diferentes flores. E assim o fiz!

A primeira
A segunda…
Terceira…
…e quartas flores.

Eu utilizei acrílicos decorativos foscos de marcas diferentes, Duncan, Folk Art e Accent, marcas americanas de tintas acrílicas decorativas que eu tinha a bastante tempo em meu ateliê, cerca de 25 anos, mas que não tinha usado muito, pois nesse período eu estava trabalhando com empresas nacionais, e acabei utilizando muito mais os materiais que tinha aqui.

As tintas importadas e meus estudos em papel

Sobre a diferença entre essas tintas, posso dizer que o que mais me agradou foram as cores. Eu confesso que me encantei com a possibilidade de usar uma nova paleta de cores, muito embora as tintas nacionais também ofereçam uma bela seleção. Mas é que foram muitos anos usando as mesmas, e é muito bom variar, não é mesmo?

Essas tintas são excelentes, têm muita cobertura, são muito resistentes, fáceis de trabalhar. E vou confessar mais uma coisa, fiz o que muita gente não recomenda: usei as tintas de diferentes marcas, ao mesmo tempos, nos mesmos projetos.

E posso falar a verdade? Não tive nenhum problema! Algumas cores em algumas linhas são mais transparentes, outras mais opacas, mas isso é esperado, em tintas de qualidade, pois essas características são dos pigmentos, e variam conforme as cores mesmo. Estou até fazendo novas peças em madeira e MDF, com essas tintas, e que pretendo mostrar aqui em breve.

Sketchbook com estudos das flores pintadas

Esse exercício com as tintas, fazendo os estudos de diferentes flores em papel rendeu um Sketchbook bem interessante, que eu já filmei e pretendo mostrar como ficou em meu canal de vídeos no youtube. Ainda vai demorar um pouquinho para eu editar e subir esse vídeo, mas em breve ele aparecerá por aqui no blog.

E, por hora, vocês podem assistir ao vídeo em que mostro como fazer essa encadernação do tipo “Dos a dos”, que já está aqui, em meu canal. E aqui, nesse outro vídeo, eu mostro como fiz essa capa com pastel oleoso.

Temporada das rosas barrocas

O passo a passo e a caixa

A temporada das rosas passou por aqui e eu tirei do armário mais uma peça bem antiga para fazer uma nova pintura do Barroco Floral.

Essa caixa estava em meu ateliê há uns bons 15 anos, sem exagero. O fundo estava pintado com envelhecedor em tom de betume, e eu confesso que nem me lembrava mais qual era minha intenção com ela. Ela faz parte de um conjunto de 5 caixas grandes e bem antigas, todas pintadas com médium envelhecedor da marca Corfix, e posso imaginar que eu iria usá-las em alguma aplicação desse produto, na época em que eu trabalhava para a marca. Mas os fundos mais escuros já não me inspiraram nenhum trabalho, então decidi fazer uma pátina lixada em tom de marfim, para deixá-las mais leves. Ficaram assim:

A caixa pintada e as outras…

Apliquei a tinta acrílica decorativa fosca levemente rala, diluída com água, deixei secar bem e depois de bem seca, lixei com lixadeira elétrica, para ficar bem marcada. Tudo isso sobre o fundo envelhecido mesmo, porque a ideia era justamente dar um aspecto gasto. Gostei.

O passo seguinte foi escolher o motivo para pintar.

Eu queria fazer algo do barroco, mas estava querendo variar um pouco os riscos, fazer um motivo mais delicado, sem muitas variações de cores. Ao mesmo tempo, também queria atualizar a pintura das rosas que faço para essa técnica, para anotar em meu novo caderno de motivos. E assim saiu, pintei uma lâmina sobre papel com variações de rosas, com tamanhos diferentes e apenas em tons de amarelos e vermelhos.

Caixa finalizada

Eu ainda pretendia dar o acabamento envelhecido sobre as flores, somente sobre elas, no final de tudo. E não queria pintar a tampa, que é feita de ripas. Gostei do efeito da pátina na tampa, não queria ocultá-la com os motivos, e também achei que a caixa ficaria mais delicada com a pintura apenas nas laterais.

Vista lateral da caixa finalizada

A pintura das rosas em passo a passo eu vou mostrar no post seguinte, que irei postar amanhã. Mas segue o acabamento abaixo:

Como a caixa já tem um pátina no fundo, eu fiz o envelhecimento característico do Barroco Floral, ou Barroco Mineiro, apenas sobre as flores pintadas. Depois de pintar bem as flores, deixem que secassem bem de um dia para outro. Então, apliquei cera em pasta incolor por toda a caixa, por dentro e por fora, sobre os motivos pintados e sobre a peça toda. A cera é o acabamento final, e ao mesmo tempo, é o fundo necessário antes do médium envelhecedor.

Deixei a cera secar por uns 30 minutos, e aplique, então, o médium envelhecedor com um pincel redondo largo e macio, somente sobre as flores e folhas pintadas. Em seguida, retirei o excesso com um paninho, e deixei secar bem até o dia seguinte. No dia seguinte, lixei, suavemente, com lixa para madeira n. 220, os motivos pintados, somente eles.

Nas fotos acima pode parecer que não faz diferença, mas o acabamento envelhecido é a característica mais marcante do Barroco. E ele é baseado no contraste claro/escuro. Quando pintamos os motivos do Barroco Floral, “carregamos” nas pinceladas de branco, o claro. E o envelhecedor penetra na profundidade da pintura, criando o escuro. Quando lixamos, o desgaste da lixa faz aparecer o claro com aspecto antigo, porém com muito mais intensidade.

Veja nas fotos abaixo em destaque, de outra peça, o efeito:

Antes de lixar

Depois de lixar

O lixamento elimina o efeito “embaçado” do envelhecedor. Eu gosto muito.

Detalhe da caixa pronta

Amanhã vou publicar o passo a passo da pintura dessas rosas para vocês. Não deixem de passar por aqui e comentar, me contem o que vocês acham de rosas e do efeito envelhecido.