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Pintura Barroca – Meus primeiros contatos…

Meus primeiros contatos com a técnica de Pintura Barroca em Madeira foram literalmente apaixonantes…
Vi, achei lindo, queria fazer igual e não larguei mais… 🙂

Eu, que mesmo no comecinho da minha carreira – e como toda boa artesã – já acompanhava tudo que havia em matéria de publicações sobre artesanato era “fã de carteirinha” das revistas Manequim e Cláudia. Elas sempre traziam matérias sobre trabalhos manuais, que eu adorava. Depois a Abril, que também as editava, lançou a Arte em Casa, exclusiva de trabalhos manuais, e, creio eu, a primeira revista com esse perfil que tivemos. Em seguida vieram as excelentes Faça Fácil, editada originalmente pela Editora Globo e um pouco mais tarde a Mãos de Ouro, da Editora Nova Cultural. Eu não perdia nenhuma número delas, todos os meses estava lá nas bancas, atrás das minhas fontes de inspiração e referências…

De todas as lembranças daquele tempo (meados e final dos anos 80, começo dos 90), uma das mais queridas para mim era um encarte especial que a revista Manequim trazia e que se chamava “Ateliê Manequim”. Os encartes eram numerados, e vinham com as edições mensais da revista. Não sei exatamente quantos eles publicaram, talvez uns 30, ou um pouco mais… Eu tenho alguns, mas não muitos, infelizmente…

Os temas eram os mais variados: pinturas em geral, decoupage, bordados, velas, sabonetes, bijuterias, latonagem, cartonagem, biscuit, flores de tecido e até xilogravura e serigrafia! Sim, acreditem, as editoras Malu Vianna e Rita Paiva, que trabalhavam na Abril na época, faziam coisas inacreditáveis!

Não preciso nem dizer que esse fascículo abaixo, o de Barroco Brasileiro é um dos meus preferidos…

As peças da edição foram feitas pela minha primeira professora de pintura em madeira, a Prof. Norma Donato, que tinha um ateliê muito simpático em suas casa, no bairro de Perdizes, aqui em São Paulo. Tive a sorte de poder aprender algumas técnicas com essa que foi, certamente, uma das maiores mestras do artesanato que já tivemos.

O encarte, com 8 páginas, trazia sempre um passo a passo, informações detalhadas da técnica e muitas fotos com sugestões. Era uma verdadeiro achado!

Dediquei muitas horas de trabalho a me aperfeiçoar com as técnicas ali ensinadas… sofri um pouco, errei um tanto, mas fui fazendo, fazendo, fazendo até conseguir me sentir bem à vontade para criar minhas primeiras peças e produções também. Mais tarde, com meu ateliê já montado, fiz minha primeira série de apostilas com as minhas técnicas, e uma delas, que ainda produzo até hoje, é a de Bauernmalerei e Pintura Barroca (veja link ao lado).

É muito bom olhar para essas coisas que fazem parte da nossa história, não é mesmo?

Esse ano estou decidida: é hora de criar uma nova série de publicações com esse tema… e já estou trabalhando nisso, podem aguardar que as novidades em breve estarão por aqui…

E se você é APAIXONADA (O) por Bauern como eu, entre na minha página dedicada à essa pintura no facebook e fique sabendo das novidades em primeira mão. O endereço é o:
https://www.facebook.com/BauernmalereiComCristinaBottallo


Efeito envelhecido na prática!


A peça envelhecida e sem o efeito

Já falei bastante sobre o efeito envelhecido nas pinturas, não é verdade?
Mas sempre é bom recordar, e mais ainda, perceber o que significa esse tipo de acabamento, para, assim, escolher melhor em que ocasiões utilizá-lo…

Nesse modelo acima dá para ver claramente como a peça envelhecida difere da peça pintada com as tintas acrílicas em seu acabamento natural.
Na pintura bauernmalerei, é muito comum utilizarmos esse acabamento antes e depois da pintura dos motivos.

Nas peças acima o envelhecimento foi feito após a pintura do bauern, sobre toda peça, dando realmente a aparência de uma peça envelhecida pelo tempo… fica bem bacana, não é mesmo?

O produto utilizado para esse tipo de acabamento é o Médium Envelhecedor, e ele pode ser aplicada diretamente na madeira, entes da pintura. Em breve irei postar aqui um modelo de bauern pintado assim, mas por enquanto vocês podem assistir ao vídeo abaixo, que fiz para o blog do Clube de Artesanato, e no qual eu trabalho com o médium direto na peça crua.

Assista ao vídeo no link abaixo e aguarde mais ideias…

Matérias antigas de bauernmalerei

Continuando o post de ontem – como prometi – as matérias que acompanhavam aqueles primeiros passo a passo de pinceladas que fiz para a extinta revista Mãos de Ouro mostravam a aplicação dos riscos básicos em peças bem singelas, de madeira, MDF e metal.

As peças, com fundos em cores fortes e básicas, destacavam bastante os motivos…

E caixas e baús não poderiam faltar, afinal são umas das peças que mais gosto de pintar.

E as peças em metal também estavam lá, como esses cachepôs e regador, feitos em folhas de flandres.

A pintura nas peças de metal deve ser feita exatamente da mesma maneira, apenas o preparo do fundo deve ser diferente, com a aplicação de um metal primer, ou primer para metais, produto especial para esse material porque possui um anti-oxidante, que evita que a pintura solte ou estrague com o tempo.

Observação: as imagens acima forma escaneadas da revista Mãos de Ouro, da Editora Nova Cultural.

No próximo post vou contar aqui um pouco mais sobre a origem dessa técnica e pintura em meu trabalho. Até lá!


Como usar o Guia de Pinceladas


Na foto acima, o jogo dos três Guias de Pinceladas e o DVD das Pinceladas Básicas do Bauernmalerei

Um dos produtos que eu mais gostei de desenvolver para a técnica do Bauernmalerei foi o jogo de Guias de Pinceladas.

A origem desses Guias é bem anterior ao que eu me lembrava…
Ao organizar meu material aqui para o “ano do bauer”, acabei achando uns arquivos bem antigos e interessantes, coisas que eu até já tinha me esquecido, confesso…

Quando eu ainda trabalhava no ateliê da empresa de tintas Acrilex, fiz para a Eidtora Nova Cultural, que publicava e revista Mãos de Ouro (foto acima), um conjunto com 3 lâminas de passo a passo com as principais pinceladas do bauer. Era uma ideia antiga minha fazer esses guias, porque eu já tinha visto alguns produtos importados semelhantes, com pintura de flores no estilo “tole painting“, técnica americana de pintura floral feita com pinceladas, e imaginei que funcionariam muito bem par ao bauern. Apresentei o projeto à editora, e ele acabou saindo, como uma ação promocional, em encartes mensais.

Essas pranchas que fiz para a revista foram encartadas em três edições publicadas em meses consecutivos, e a revista também publicou um especial sobre a técnica, e eu produzi várias peças e passos, ainda no Ateliê Acrilex, para essas edições. Hoje é muito saudoso ver esse material (amanhã vou publicar mais algumas imagens dessas revistas, acompanhem por aqui).

Anos depois, para ser mais exata em 2008, eu resolvi produzir meus próprios guias, que hoje estão disponíveis em minha loja. O jogo completo é composto por 3 lâminas com os principais motivos da pintura: rosas, tulipas e folhas, além de florzinhas e arabescos. Cada lâmina apresenta a pintura em passo a passo desses motivos e alguns riscos com esses elementos.

A ideia do Guia é que as pessoas interessadas em aprender a técnica sigam com pinceladas o passo a passo da pintura, em tamanho natural, sobre um papel plastificado, para que a tinta não grude. Em seguida tinta pode ser limpa com um pano úmido, e o movimento repetido quantas vezes a pessoa desejar. É um material para treino, prático ou de consulta, porque se a pessoa não quiser praticar dessa forma, também pode utilizá-lo apenas visualizando as pinceladas. mas eu garanto, a prática, o exercício de fazer o movimento com o pincel seguindo as pinceladas ajuda bastante.

Os guias são de papel plastificado, por isso podem ser facilmente limpos após a aplicação das tintas acrílicas, e o movimento pode ser repetido inúmeras vezes. Mas ainda é possível utilizar um vidro ou acetato sobre os guias, assim você poderá repetir o mesmo procedimento de pintar e limpar sem encostar nos guias, garantindo uma conservação ainda maior.

Os meus Guias de Pinceladas são, portanto, um dos produtos que mais gosto de oferecer em meu site e blog, e certamente um dos mais úteis para quem quer se aventurar nessa pintura que amamos fazer, o bauernmalerei.

Amanhã eu continuo a conversa sobre as edições antigas de meus trabalhos com bauern, não percam!


Bauernmalerei – Como tudo começou…

Já postei algumas dicas e comentários sobre a pintura bauern aqui no blog esse ano, mas como eu prometi que me dedicaria à essa técnica durante todo o ano de 2013, e como ainda estamos no começo de janeiro, resolvi postar um pouco da história dessa pintura e de como ela entrou em minha vida…

Também já postei essa história, mas agora vou repeti-la para abrir uma sequência de novos posts, ok?

Há uns bons 25, quase 26 anos, em 1986, visitei com meu pai e irmãos a Bienal do Livro aqui em São Paulo, quando ela aina era realizada no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera. Eu lembro muito bem porque foi um ano antes de eu me casar, e portanto foi também uma das últimas vezes em que sai para passear em família como “filha”.


Primeiros livros de pintura em madeira que ganhei…

Naquela época visitar a Bienal era um sonho para quem gostava de livros – não existiam livrarias virtuais ou sites, e nem tantas livrarias como as que temos hoje. Era a oportunidade mágica de comprarmos livros diferentes, sobretudo os importados. Eu, naturalmente, procurava sempre os livros de técnicas de pintura e gravura, que me interessavam muito – afinal eu estava no segundo ano da faculdade e já tinha meu ateliê em casa.

No estande da Espanha e Portugal eu encontrei uns livrinhos pequenos e fininhos de uma coleção de livros práticos em espanhol. Eles eram de autoras alemãs, e ensinavam a técnica bauernmalerei (bauer-campo e malerei-pintura, ou seja, pintura campestre em alemão) e outras pinturas decorativas em madeira. Eu já tinha visto alguns trabalhos parecidos em outras publicações, mas nunca tinha encontrado um material didático, com riscos e passoa-a-passo, não existiam muitas publicações assim…

Um deles (o livro acima) era mais específico do bauern, e a parte interna tinha poucas imagens coloridas mas todas as informações sobre a técnica. O outro (abaixo) era mais “moderno” (para a época, é claro). O original devia ser um livro do final dos anos 70 (a edição era de 1983) e o estilo dos desenhos era bem característico daquelas tempos… è muito saudoso olhar para ele!

Bons tempos aqueles…
Meu pai comprou os livrinhos para mim, e esses dois exemplares inauguraram minha biblioteca de livros de técnicas. Hoje eu tenho muitos títulos, a mior parte importados, e me orgulho muito do meu acervo. Mas esses dois livrinhos continuam sendo meus “xodós”. Claro que existem muitos outros livros mais atuais e completos, mas nada se compara ao carinho que a gente pega por esses objetos que entram em nossa vida de uma forma tão especial, não é mesmo?

Outros livros da minha coleção, esse já bem específicos da técnica, são alemães, por isso gosto tanto deles…
São o mais autêntico Bauernmalerei que podemos achar…

E foi inspirada em alguns desses livros que fiz alguns dos meus projetos, já apresentados aqui,e muitos outros que ainda virão e que já estão sendo produzidos… Para começar, vamos recordar um deles:


Porta-jóias de madeira com fundo preto

Essa peça apresenta um motivo do bauernmalerei bem tradicional, e a pintura sobre o fundo preto realça ainda mais as cores vivas e básicas.

Para que o acabamento fique melhor, recomendo que você aplique uma demão fina de base acrílica ou tinta acrílica fosca branca sobre o risco transferido para a peça com um carbono claro. Isso porque sobre o fundo branco a cobertur das tintas coloridas será muito melhor. Caso contrário será necessário aplicar várias demãos de cada cor.


Detalhe da pintura da tampa

Nessa peça os desenhos são mais simples e foram pintados com menos pinceladas, características desse estilo mais tradicional do bauernmalerei. As cores são as primárias: vermelho, amarelo, azul para as flores, verdes para as folhas e o branco, sempre presente nas pinceladas e detalhes.


Detalhe da lateral do porta-jóias

Nas laterais da caixa eu pintei uma tracejado em cruz, decorado com flores feitas com bolinhas e traços.

O acabamento deve ser feito com cera em pasta incolor, que deve ser aplicada com uma paninho macio. Depois é só aguardar uns 10 minutos e lustrar com uma flanela.

E se você gosta de bauernmalerei assim como eu já sabe, visite a LOJA do meu site e veja os produtos que ofereço para essa técnoca por lá… www.cristinabottallo.com.br

Bom, é isso por hoje, pessoal, amanhã, como sempre, tem mais…

Beijão!


Médium Envelhecedor e acabamento envelhecido


Caixa pintada com um floral inspirado nas pinceladas do bauer e envelhecida com Médium Envelhecedor em tom de azul antigo

Ontem postei uma peça pintada com o barroco brasileiro, cuja característica é o acabamento envelhecido, e fiquei de postar mais informações sobre esse acabamento, então aí vai…

Para quem gosta de bauernmalerei, boas dicas…

MÉDIUM ENVELHECEDOR

O Médium Envelhecedor é uma tinta diferente.
Ao invés de ser utilizado simplesmente para cobrir o suporte que está sendo trabalhado, ele é uma espécie de emulsão pigmentada, uma tinta especial e própria para efeitos de pátina suave, que oferece um acabamento envelhecido de maneira rápida e prática em materiais variados como madeira, cerâmica, gesso, couro, tela, paredes, metais, papelão e muitos outros.

É um produto a base de água, não tóxico, de secagem rápida e sem cheiro. Apresentado em 18 cores diferentes (os lançamentos recentes foram as cores branco e amarelo ocre) sua aplicação pode ser feita com pincel, esponja ou com um paninho, retirando o excesso e em seguida, para obter diferentes níveis de envelhecimento, que é o efeito de pintura que dá uma aparência antiga às peças.

Certamente você conhece a técnica de envelhecimento com Betume da Judéia…
Pois bem, o Médium Envelhecedor serve para a mesma aplicação, porém com as vantagens já citadas acima: atóxico, sem cheiro, a base de água, com secagem rápida e em várias opções de cores diferentes.

Além disso, o Médium Envelhecedor é também uma tinta para tingimento, já que, devido a sua consistência e acabamento (com transparência), ele não cobre a superfície completamente, deixando transparecer os relevos e texturas naturais do material em que está sendo aplicado.

É possível criar uma infinidade de técnicas diferentes com o Médium Envelhecedor, e em cada uma delas o efeito obtido será diferente e surpreendente: podemos fazer marmorizados, falso batik (tingimento) em madeira, pátinas variadas, efeitos decorativos diversos e muito mais.

Podemos aplicar o Médium Envelhecedor em superfícies já pintadas ou peças cruas. Recomenda-se a aplicação de um verniz ou seladora nas peças cruas, para que o efeito de envelhecimento fique mais natural e suave e não tão intenso. Os produtos Corfix que você pode utilizar para essa finalidade são: Verniz Spray Artfix, Goma Laca Incolor ou Verniz Acrílico.

Para suavizar o efeito da Médium Envelhecedor e fazer correções e retardar a secagem do produto utilize o Gel Médium para Matizar, também da Corfix. Ele funciona como um diluente natural do Médium Envelhecedor e pode ser utilizado misturado diretamente ou aplicado posteriormente, com um paninho, na superfície já trabalhada, para ajudar a fazer o efeito de pátina.