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Trabalhar sob encomenda ou vender peças prontas?

Essa é uma dúvida constante entre as pessoas que, assim como eu, criam peças e trabalhos em arte e/ou artesanato e querem vendê-los, e por isso gravei um vídeo que já está em meu canal no youtube amanhã.

E hoje, conto um pouco mais sobre essa história.

As cúpulas que pintei para essa encomenda

Recentemente eu recebi uma encomenda, e eu conto um pouco mais sobre ela no vídeo, e foi uma grande satisfação. A encomenda fluiu super bem, o cliente ficou satisfeito, pagou antecipado, ao fazer o pedido, e complementou o pagamento quando eu mostrei as peças prontas, e no fim, até encomendou outros trabalhos meus.

Fiquei muito satisfeita, pois o cliente fez questão de me enviar fotos das cúpulas instaladas, e até falou que eu podia usar em minhas redes. Claro que eu fiquei feliz, né?

Também fiquei muito feliz pois eu caprichei na embalagem, e mandei uma serigrafia minha de presente, com segundas intenções, claro… E como ele já conhecia meu site cores da cris, pois foi através dele que fez contato comigo, eu mandei o link da minha loja, onde vendo as serigrafias, e ele encomendou mais 3.

Mas o que eu realmente gostei, foi do email de agradecimento que ele me enviou:

“Oi Cris,

Serigrafias chegaram ontem por aqui!Obrigado tb pela mini serigrafia, linda, e já arranjei um lugar pra ela na casa!Estas “iscas” q vc envia + os detalhes cuidadosos na embalagem, geram um tremendo encanto junto ao cliente.Vc é quase uma Apple das artes, kkkkkk! (é que trabalho com industrial design, e a Apple é a empresa referência em gerar experiências legais)

Abs grande,

Seu cliente”

Não foi mesmo um comentário legal? Eu amei!!! E sim, foi isso mesmo, eu mandei uma “isca”, uma pequena serigrafia, mas um trabalho exclusivo, e ele acabou comprando mais. É assim que conquistamos a clientela… E eu estou caprichando nas embalagens agora, mandei fazer papel de seda com meu logo, adesivos, e sempre mando um cartãozinho de agradecimento. Acho que sempre dá para melhorar, mas a gente precisa – e deve – fazer o melhor possível, de cara! Porque como eu falo no vídeo, precisamos encontrar a nossa clientela, e depois, torná-la fiel.

Bom, isso tudo me animou, e vou gravar mais vídeos #pretonobranco falando de temas como esse, inclusive, a dúvida maior de todas e todos: como calcular preço de venda.

Aguardem!

Ah, e só para ilustrar, as telas que estão no meu vídeo, seguem fotos abaixo. Acabei de fazer. E se alguém quiser, estão disponíveis!

Pássaro em Tela, passo a passo

Vídeo dessa semana no canal, um vídeo que AMEI fazer, e adorei a edição que minha nora Mariana Zafalon fez. Aliás, adoro as edições da Mari, ela é super delicada e criativa, e valoriza muito meus vídeos.

E o tema do vídeo não poderia ser outro, né, gente? Pintura em tela com acrílicos, que adoro, e “do meu jeito”.

Nesse vídeo mostro EXATAMENTE o meu jeito de pintar, e em tempo real. O tempo total que eu levei para que terminá-la foi de 1h30, e e ela é pequena (18×24 cm). Mas certamente acabei levando mais tempo para fazê-la porque estava gravando e falando tudo, passo a passo. O vídeo é mais curto (ufa!)… rs… Bem, é isso, gente, aí vai o vídeo da semana, espero que gostem!

Troncos decorativos

Fiquei aqui ensaiando e experimentando nomes para esse post… Como descrever esse novo trabalho?

Bem, acho que fiz a escolha certa…

Troncos com flores da Mantiqueira

Em minhas andanças pela roça, encontrei esses dois pedaços de troncos de madeira, descartados de alguma cerca. O que me chamou a atenção nesses dois é que ambos conservavam uma base plana, o que fazia com que eles permanecessem em pé. E logo vi ali uma oportunidade: mais uma opção de decoração com madeiras naturais nascia.

Os troncos, como os encontrei

Eles estavam bem sujos de terra, então eu dei uma lavada mesmo, com água corrente e esponja, e deixei que secassem completamente por 24 horas. Como estamos no inverno, o ar está seco, e eles secaram bem.

Os troncos depois de limpos e lixados

Com a lixadeira elétrica, consegui lixar bem os dois, e para minha surpresa, a madeira tinha um bonito tom avermelhado, com algumas manchas mais escuras. Não sei que madeira é, mas é uma madeira de qualidade, embora já muito exposta ao tempo. Gostei do resultado, e essas faces da frente foram as que escolhi para pintar.

Parte de trás dos troncos

A parte de trás dos troncos ainda tinha um pouco da casca da madeira, e ela estava se soltando, desfazendo. Então, para evitar que se soltasse mais, eu apliquei uma camada ligeiramente diluída de cola branca. A cola segurou a casca e deu uma certa impermeabilizada na madeira, deixando-a com um leve brilho. Mas apliquei apenas na parte de trás, e não na parte da frente, onde eu faria a pintura.

Em detalhe

Os dois troncos tinha duas faces lisas cada um, portanto eu poderia pintar quatro diferentes flores. E assim o fiz!

A primeira
A segunda…
Terceira…
…e quartas flores.

Eu utilizei acrílicos decorativos foscos de marcas diferentes, Duncan, Folk Art e Accent, marcas americanas de tintas acrílicas decorativas que eu tinha a bastante tempo em meu ateliê, cerca de 25 anos, mas que não tinha usado muito, pois nesse período eu estava trabalhando com empresas nacionais, e acabei utilizando muito mais os materiais que tinha aqui.

As tintas importadas e meus estudos em papel

Sobre a diferença entre essas tintas, posso dizer que o que mais me agradou foram as cores. Eu confesso que me encantei com a possibilidade de usar uma nova paleta de cores, muito embora as tintas nacionais também ofereçam uma bela seleção. Mas é que foram muitos anos usando as mesmas, e é muito bom variar, não é mesmo?

Essas tintas são excelentes, têm muita cobertura, são muito resistentes, fáceis de trabalhar. E vou confessar mais uma coisa, fiz o que muita gente não recomenda: usei as tintas de diferentes marcas, ao mesmo tempos, nos mesmos projetos.

E posso falar a verdade? Não tive nenhum problema! Algumas cores em algumas linhas são mais transparentes, outras mais opacas, mas isso é esperado, em tintas de qualidade, pois essas características são dos pigmentos, e variam conforme as cores mesmo. Estou até fazendo novas peças em madeira e MDF, com essas tintas, e que pretendo mostrar aqui em breve.

Sketchbook com estudos das flores pintadas

Esse exercício com as tintas, fazendo os estudos de diferentes flores em papel rendeu um Sketchbook bem interessante, que eu já filmei e pretendo mostrar como ficou em meu canal de vídeos no youtube. Ainda vai demorar um pouquinho para eu editar e subir esse vídeo, mas em breve ele aparecerá por aqui no blog.

E, por hora, vocês podem assistir ao vídeo em que mostro como fazer essa encadernação do tipo “Dos a dos”, que já está aqui, em meu canal. E aqui, nesse outro vídeo, eu mostro como fiz essa capa com pastel oleoso.

E mais sobre o caderno…

No post anterior eu mostrei um projeto do meu caderno de pesquisas e esboços, mas com um dos passarinhos mais antigos que desenhei por lá.

Hoje quero mostrar os passarinhos mais recentes que pintei, nesses últimos dias.

As últimas páginas do meu caderno

Esse caderno, como já falei, é o mais antigo que faço, e ele têm durado tanto porque, confesso, nunca fui muito organizada com relação a isso… rs. Explico: ao invés de usá-lo para fazer esboços, testes, rascunhos, eu ficava sempre esperando a “ideia perfeita” para registrar lá, e acabava usando o método clássico de fazer as anotações em folhas avulsas, que se perdem e espalham por aí. Grande erro meu. Hoje sei o quanto é gostoso finalizar um caderno, do jeito que for. Mas agora eu embalei, e logo espero terminá-lo. 😀

Na semana passada eu resolvi tirar umas tontas bem antigas do armário, e pintei uns caderninhos com uns gauches muito legais. Só que sobrou um pouco dos guaches na paleta, e fiquei com dó de deixá-los secar, então resolvi pintar dois retângulos, meio aleatoriamente, combinando algumas cores, em uma das páginas, e na outra, esfreguei a bandejinha descartável onde estavam os restinhos das tintas. Ficou assim:

Fundos pintados com sobras de tinta guache

O passo seguinte foi pintar os passarinhos. Sim, sempre eles, tema desse mês aqui em meu blog e nas redes.

Resolvi pintar bem rapidamente, sem pensar muito, utilizando outro conjunto de tintas que eu tinha há tempos, mas que usei muito pouco, umas acrílicas decorativas da Duncan. Eu não tenho muitas cores dessas tintas, e me faltou justo o amarelo, cor que gosto tanto de usar. Mas tinha uma metálica ouro bem claro, e acabei me virando com ela. 😉

O que eu gostei dessa experiência e devo aplicar e repetir:

  • Fazer os fundos assim, manchados, com restos de tinta. Vale super a pena, porque fica muito interessante, original e ainda por cima não há desperdício de material
  • Pintar um novo desenho/motivo deixando que o fundo já todo colorido apareça em algumas partes, como nas bolinhas do passarinho rosa e nos detalhes do rosto asas do passarinho maior.

E no final de tudo ainda aproveitei o restinho dessas tintas na bandejinha e fiz mais uma página manchada, para um novo desenho que ainda não fiz. Mas voltarei para mostrar, aguardem!

O mais legal de um caderno de rascunhos e esboços é justamente isso, fazer sem freios, sem pensar muito, sem elaborar demais. Eu acho que sou meio detalhista e um tanto demorada para fazer e finalizar certas técnicas. Com a experiência desses cadernos estou aprendendo a me soltar mais. Coisa boa! E até a próxima conversa… <3

Temporada das rosas barrocas

O passo a passo e a caixa

A temporada das rosas passou por aqui e eu tirei do armário mais uma peça bem antiga para fazer uma nova pintura do Barroco Floral.

Essa caixa estava em meu ateliê há uns bons 15 anos, sem exagero. O fundo estava pintado com envelhecedor em tom de betume, e eu confesso que nem me lembrava mais qual era minha intenção com ela. Ela faz parte de um conjunto de 5 caixas grandes e bem antigas, todas pintadas com médium envelhecedor da marca Corfix, e posso imaginar que eu iria usá-las em alguma aplicação desse produto, na época em que eu trabalhava para a marca. Mas os fundos mais escuros já não me inspiraram nenhum trabalho, então decidi fazer uma pátina lixada em tom de marfim, para deixá-las mais leves. Ficaram assim:

A caixa pintada e as outras…

Apliquei a tinta acrílica decorativa fosca levemente rala, diluída com água, deixei secar bem e depois de bem seca, lixei com lixadeira elétrica, para ficar bem marcada. Tudo isso sobre o fundo envelhecido mesmo, porque a ideia era justamente dar um aspecto gasto. Gostei.

O passo seguinte foi escolher o motivo para pintar.

Eu queria fazer algo do barroco, mas estava querendo variar um pouco os riscos, fazer um motivo mais delicado, sem muitas variações de cores. Ao mesmo tempo, também queria atualizar a pintura das rosas que faço para essa técnica, para anotar em meu novo caderno de motivos. E assim saiu, pintei uma lâmina sobre papel com variações de rosas, com tamanhos diferentes e apenas em tons de amarelos e vermelhos.

Caixa finalizada

Eu ainda pretendia dar o acabamento envelhecido sobre as flores, somente sobre elas, no final de tudo. E não queria pintar a tampa, que é feita de ripas. Gostei do efeito da pátina na tampa, não queria ocultá-la com os motivos, e também achei que a caixa ficaria mais delicada com a pintura apenas nas laterais.

Vista lateral da caixa finalizada

A pintura das rosas em passo a passo eu vou mostrar no post seguinte, que irei postar amanhã. Mas segue o acabamento abaixo:

Como a caixa já tem um pátina no fundo, eu fiz o envelhecimento característico do Barroco Floral, ou Barroco Mineiro, apenas sobre as flores pintadas. Depois de pintar bem as flores, deixem que secassem bem de um dia para outro. Então, apliquei cera em pasta incolor por toda a caixa, por dentro e por fora, sobre os motivos pintados e sobre a peça toda. A cera é o acabamento final, e ao mesmo tempo, é o fundo necessário antes do médium envelhecedor.

Deixei a cera secar por uns 30 minutos, e aplique, então, o médium envelhecedor com um pincel redondo largo e macio, somente sobre as flores e folhas pintadas. Em seguida, retirei o excesso com um paninho, e deixei secar bem até o dia seguinte. No dia seguinte, lixei, suavemente, com lixa para madeira n. 220, os motivos pintados, somente eles.

Nas fotos acima pode parecer que não faz diferença, mas o acabamento envelhecido é a característica mais marcante do Barroco. E ele é baseado no contraste claro/escuro. Quando pintamos os motivos do Barroco Floral, “carregamos” nas pinceladas de branco, o claro. E o envelhecedor penetra na profundidade da pintura, criando o escuro. Quando lixamos, o desgaste da lixa faz aparecer o claro com aspecto antigo, porém com muito mais intensidade.

Veja nas fotos abaixo em destaque, de outra peça, o efeito:

Antes de lixar

Depois de lixar

O lixamento elimina o efeito “embaçado” do envelhecedor. Eu gosto muito.

Detalhe da caixa pronta

Amanhã vou publicar o passo a passo da pintura dessas rosas para vocês. Não deixem de passar por aqui e comentar, me contem o que vocês acham de rosas e do efeito envelhecido.