19 de Março é o Dia do Artesão

Olá, pessoal, bom dia!

Hoje é Dia do Artesão, então parabéns a todos nós, que temos esse ofício, por hobby ou profissão, por lazer ou trabalho, como ofício ou não. Eu tenho muito orgulho de dizer que sou artesã, e imagino que vocês também, então hoje é dia de comemorarmos!


O trabalho do artesão é transformar uma peça ou material em outro produto, decorativo ou utilitário, como nas peças ao lado: uma simples bandeja de madeira, que já é obra de um artesão, se transforma em outra peça nas mãos de outro . Transformar e criar com suas mãos, é o que o artesão faz.

E aí vão algumas curiosidades sobre a data e sobre o ofício:
O Dia do Artesão foi instituído pela Lei estadual nº 7.126, de 30/4/1991. No País, 19/3 é dia do carpinteiro, marceneiro e São José, portanto a data foi escolhida de forma bastante significativa.

Artesanato é essencialmente o próprio trabalho manual ou produção de um artesão (de artesão + ato). Mas com a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos pertencentes à chamada cultura popular.

O artesanato é tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui os meios de produção (sendo o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalha com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão pode contar com o auxílio de um ajudante ou aprendiz.*

* Fonte: Wikipédia http://pt.wikipedia.org

Há uns 4 anos atrás respondi algumas perguntas sobre artesanato para um site que estava preparando uma matéria nessa mesma data, dia 19/03, Dia do Artesão. Confesso que não me lembro mais qual era o site, mas guardei a entrevista, e reproduzo-a abaixo:

1) Como foi que você se descobriu artesã?
Eu sempre gpstei de trabalhos manuais, era minha “brincadeira” preferida quando menina. Como minha mãe me incentivava muito, inclusive ensinando algunas coisas que ela fazia (como bordado), não foi difícil perceber que esse era o caminho que eu queria seguir.

2) Quais foram seus primeiros trabalhos?
Eu comecei pintando peças de porcelana e cerâmica a quente. E eu vendia as peças em uma loja do bairro, isso quando eu tinha uns 12 anos. Depois me dediquei ao bordado, flores prensadas, miniaturas, pintura em madeira… Quando passei a me dedicar mais à pintura decorativa (em tecido, madeira, cerâmicas, telas), já com meu ateliê montado, acabei me especializando e trabalhei em empresas fabricantes de tintas e pincéis por 12 anos.

3) Tem projetos em vista?
Eu também sempre fiz serigrafia, técnica que aprendi inicialmente para fazer estampas de camisetas e depois, já na faculdade, como técnoca de gravura. Meu projeto atual é trabalhar cada vez mais com as serigrafias, e combiná-las com outros artesanatos

4) Como você vê o mercado brasileiro para artesãos nesse momento?
Viver de artesanato é muito difícil. O fato é que aqui no Brasil o artesanato é pouco valorizado, por isso o artesão precisa trabalhar muito, ganha pouco e quase sempre depende de atravessadores para conseguir vender suas peças. É nossa realidade. Em países mais desenvolvidos há uma valorização maior desse trabalho. Mas em qualquer lugar há de tudo um pouco: se o artesão é mais organizado, percebe seu potencial, consegue investir um pouco e encontra parceiros, ele pode, sim, ter uma renda muito boa, muitos artesãos até acabam se tornado micro empresários de sucesso. Tudo que é único, exclusivo e pessoal é mais interessante…mas é difícil concorrer com o preço dos produtos industrializados (sobretudo os produtos chineses), por isso além de criativo e caprichoso o artesão também tem que saber administrar seu lado comercial.

5) E no futuro? Há espaço para jovens artesãos?
Bem, existem duas realidades bem distintas no artesanato. Uma é o ofício do artesão, que pode aparecer dentro de uma família, por exemplo, quando as pessoas são mais simples e vivem de seu trabalho, é comum os pais ensinarem seus filhos desde pequenos a ajudar na produção para aumentar um pouquinho o rendimento, como no caso dos artesãos de imagens de cerâmica típicos do nordeste. Ou, no caso de um trabalho muito típico, quando o artesanato é uma tradição familiar e os jovens aprendem com os mais velhos a técnica. Nesses casos os jovens se habituam a conviver com o trabalho artesanal e vão perpetuar a técnica que aprenderam. Do outro lado há o apelo do artesanato como hobby para todo tipo de pessoa, inclusive os mais jovens. Aí alguns irão experimentar essa ou outra técnica, talvez trabalhar com outras coisas que não tenham nenhuma relação com o artesanato, e eventualmente, voltar-se para o artesanato. Artesanato é técnica e tradição, portanto enquanto houver uma dessas vertentes, o artesanato irá sempre conquistar novos adeptos.

Também observei nesses anos de experiência no meio que o lado mais acessível do artesanato é esse do apelo do hobby. Acessível porque está em diversas mídias muito procuradas hoje em dia: revistas especializadas, sites, blogs, programas de tv, feiras… As pessoas que procuram esses canais para aprender o artesanato, em geral encaram essa atividade com um hobby, ou pelo menos como uma atividade paralela, mas raramente como sua principal atividade profissional. O artesão profissional, o artífice, é mais raro. E, nesses casos, a busca da tradição, do resgate de uma técnica é determinante.

6) Existem cursos ou práticas que inovem a profissão?
Sim, existem muitos cursos práticos de artesanato, uma infinidade. Mas eles não são exatamente inovadores, levando em conta que são amplamente difundidos e voltados justamente para a aplicação de uma técnica específica. Para inovar, e isso eu falo por experiência própria, o artesão tem que ser um autodidata criativo e um estudioso muito curioso das técnicas e tradições. Não há outro jeito. Se o artesão encontrar um bom curso que lhe ensine uma técnica tradicional, ele com certeza irá tirar maior proveito da experiência do que se ele simplesmente fizer o curso da “novidade do momento”.

7) Tem algum conselho para quem quer viver exclusivamente do artesanato, como você?
Os profissionais do artesanato têm explorado muito o filão do ensino das técnicas, e essa é também uma boa oportunidade para quem quer trabalhar com artesanato. Em geral, para ser bem sucedido, o profissional artesão precisa fazer de tudo um pouco: lecionar, fazer peças para venda, atender encomendas… Mas se é para dar um conselho, eu recomendo que o artesão estude e pratique muito, experimente e pesquise técnicas, acompanhe os lançamentos em eventos e por fim, que escolha uma técnica com a qual se identifique mais, aquela que ele mais goste e se dedique a ela, se especialize. Em geral, quem faz de tudo um pouco não é especialista em nada, e um artesão bem sucedido precisa dominar seu trabalho como ninguém para se destacar nesse meio tão concorrido.