Como eu comentei no sábado, aproveitei o final de semana para ver algumas exposições. Bom, na verdade eu consegui ver apenas duas, mas como o mês de maio está apenas começando, então ainda vou ter oportunidade de colocar minhas visitas em dia esse mês.
No sábado eu fui ver a exposição da Alice Brill, no SESC Pompéia, com minha filha Ana, com direito a um café e boa conversa “de meninas” depois. No domingo fui ver a do Andy Warhol na Estação Pinacoteca, com minha família. Vale comentar, antes de tudo, que esses são dois espaços bem agradáveis para se visitar em São Paulo, o que, por si só já vale o passeio.
Primeiro vai minha opinião sobre a exposição do Andy Warhol. Ele é um artista muito controverso. O que eu realmente acho do trabalho dele? Como artista plástico ele foi muito preguiçoso. Como performer e figura influente em sua época ele foi muito eficiente.
É dele a famosa frase que diz “um dia, todos terão seus 15 minutos de fama”. Ninguém melhor do que ele soube aproveitar seus (bem mais de) 15 minutos de fama – diga-se a verdade. E por que acho que ele foi um artista preguiçoso? Bem, não sua uma expert ou crítica de arte, e sinceramente respeito todas as manifestações artísticas. Mas sobre sua produção foi, em minha modesta opinião, muito limitada.
Ele introduziu a serigrafia em seus trabalhos e, com naturalmente introduziu a serigrafia no meio artístico também, como nunca havia sido feito antes, e isso é fantástico. Como vocês abem, sou uma serígrafa de carteirinha. Mas ele explorou muito pouco as possibilidades dessa técnica, que são verdadeiramente infinitas. Nenhuma técnica de gravura pode reproduzir tantos efeitos diferentes como a serigrafia. Com ela é possível reproduzir efeitos de pintura como aquarela, guache e óleo, criar texturas, efeitos de transparência e cobertura, e, no entanto, o artista limitou-se a utilizar fotolitos fotográficos, muitos feitos a partir de imagens já existentes na mídia e que nem eram suas.
Não que eu não goste do efeito fotográfico da serigrafia. Ao contrário, essa possibilidade é mais uma vantagem da técnica, mas explorar apenas essa possibilidade me parece uma atitude realmente preguiçosa. Ele experimentou a serigrafia fotográfica, mesclou um pouco de pintura e pronto. Foi só. E é pouco.
De todo modo ele é o mais conhecido representante da Pop Art, um dos meus movimentos artísticos preferidos, e gostando ou não do Andy Warhol, sua importância para a divulgação desse movimento é indiscutível.
Quanto á exposição da artista Alice Brill, alemã naturalizada brasileira, posso dizer que gostei muito, sobretudo pela inusitada técnica que a artista desenvolveu e que era tema da exposição, a aplicação do batik (técnica de tingimento de tecido com cera) em papel arroz (papel japonês produzido artesanalmente.
A artista já tinha vasta experiência em estamparia e tingimento em tecidos, e ao levar esse trabalho para o papel e também para telas, ela propôs um interessante exercício de aplicação do trabalho artesanal em obras artísticas.
Ela apresenta também uma série de serigrafias que reproduzem com perfeição o efeito do batik, e o resultado é muito interessante. São gravuras que apresentam o estilo e a aparência exatos dessa técnica milenar de tingimento: seus traços definidos no branco do papel/tela que ficam reservados, sem receber as tintas; a transparência dos pigmentos, a sobreposição das cores…
E há ainda uma frase da artista que ilustra muito bem seu trabalho: “Parece-me que a função do artista deve ser a de mediador entre a arte e a técnica, ambas indispensáveis e complementares.”
Perfeito! Ela é uma artista e também uma artesã, e é isso justamente o que mais encanta em seu trabalho. E exatamente o que falta para o Andy Warhol, em minha modesta opinião.
É isso, pessoal, qualquer hora dessas comentarei outras exposições por aqui…
Beijos!