Passarinhos, sempre

Ah, os passarinhos… todo meu encanto por eles, que vocês já sabem é imenso, eu trago para as diferentes técnicas que faço, e não apenas na pintura do Bauernmalerei na Mantiqueira.

Adoro fazer serigrafias com eles, e essa, acima, é uma costura feita a partir de uma serigrafia que fiz a partir de um desenho, que virou tela, bordado e ainda mais… Ficou confuso?

Eu conto a história para vocês. 😀

Meu caderno de desenhos

Tudo começou em meu mais antigo caderno de desenhos, quando pintei esse passarinho acima, com guache. Acho que eu ia pintar uma tela, mas nem me lembro ao certo quando foi. Só posso dizer que faz bastante tempo, e ele ficou ali, esquecido.

Em 2016 eu estava fazendo uma nova série de serigrafias de bichos, e me lembrei desse desenho. Então, ele virou uma serigrafia, com algumas diferenças, mudei um pouco as cores, os detalhes, mas o passarinho era o mesmo.

O caderno, com as duas imagens, lado a lado.
Serigrafia pronta,
que colei no caderno

Eu costumo partir de esboços mais simples ao fazer minhas serigrafias, por isso, no trabalho finalizado, os traços acabam mais bem elaborados. E a mudanças das cores acontece mesmo… acho que eu me guio muito mais pela minha “inspiração do momento”, então as cores, na gravura, refletiam meu estado de espírito naquela época.

O bacana foi que, ao fazer a serigrafia acima, imprimi esse mesmo pássaros em algumas folhas de rascunho, em jornais, e até mesmo em tecido, o que resultou em outros trabalhos com ele. Um deles, é a primeira imagem desse post, meu caderno de técnicas e motivos com costura em papel.

O outro trabalho, que gostei muito também, foi o Livro de Feltro com alguns pontos de bordado, que registrei em vídeo, aqui.

No ano seguinte, em 2017, eu resolvi pintá-lo em uma tela, para meu canal de vídeos. Eu tinha uma tela painel que estava com fundo aplicado, e como eu gostei tanto desse pássaro, foi ele o escolhido para ser o tema dessa pintura abaixo, que também registrei, em outro vídeo, que você pode assistir aqui.

Tela pintada em 2017

Estava rendendo mesmo, porque eu 2016 ele virou uma tatuagem. Isso qye é gostar de um desenho, não é mesmo?

Minha tatuagem desse pássaro.

Minhas tatuagens são de desenhos meus, e esse não poderia deixar de ser registrado. Eu amo esse passarinho! E como gosto tanto dele e decidi fazer esse registro, ele vai ganhar um nome. E vai passar a se chamar Örn, um nome de origem islandesa, que significa águia. O meu passarinho não é uma águia, mas é um pássaro bravo e corajoso, admirador do sol. 😉

Coleção Pássaros da Mantiqueira

Você já parou para observar os pássaros, e para além de ouvir seus doces cantos, observar suas cores e desenhos tão lindos que parecem mesmo pintados a mão?

Beija-flor que fotografei em meu ateliê na Mantiqueira
Pois é… assim como as flores, os pássaros são encantadores, coloridos, surpreendentes. E são o segundo tema que mais gosto de pintar e desenhar.

A coleção Pássaros da Mantiqueira surgiu em 2016, quando eu já tinha um ateliê improvisado por lá, nas montanhas, mas ainda não era o meu ateliê atual, era em uma pequena casinha que alugávamos na cidade de Gonçalves, também no Sul de Minas Gerais, e que ficava na área rural, dentro de um pequeno sítio. Na beira do riachinho que cortava o sítio, encontrei as primeiras pedras roladas que pintei, muito comuns por lá. São pedras que ficam redondinhas pelo efeito das águas – não é poético e inspirador? – e que convidam a gente a pintá-las.
Pedras pintadas da minha primeira produção

Dessa série, que registrei em um dos vídeos que mais gostei de fazer para meu canal, e que você pode conferir aqui, em que ensino a pintas as pedras, acabei criando uma coleção de outros produtos em serigrafia, como as encadernações, os caderninhos-fólio, os porta-livros e as gravuras para usarmos emolduradas, e também tecidos estampados em serigrafia para bordar e decorar como quisermos. Esses produtos, assim como as pedras pintadas, são únicos e exclusivos, e já estão disponíveis em minha loja virtual.

Você pode levar os pássaros para sua casa para decorar, para anotar, para te acompanhar na leitura… As pedras ficam lindas em vasos de cactos ou suculentas, e são pintadas a mão, cada uma é única. As encadernações são em serigrafia impressa por mim, em meu ateliê em São Paulo, e os porta-livros foram costurados pela ONG Pano Pra Manga, através de uma parceria minha com o Design Possível. Você vai se encantar com esses produtos, tenho certeza!

Rosas em passo a passo

Prometi aqui o passo a passo das rosas barrocas, então aí vai:

Na pintura acima, que fiz em um papel, utilizei as mesmas tintas que usei na caixa, acrílicas decorativas foscas.

As folhas receberam um verde médio de fundo, depois, sobre esse fundo quase seco, uma camada de verde bem mais claro, misturado com pérola, para dar profundidade. Os filetes foram feitos com verde mais escuro, e o contorno das folhas, em destaque, em verde claro também.

As rosas, que variam entre tons amarelados e de vermelho vivo ou profundo, têm um passo a passo semelhante: começo sempre pelo miolo, em um tom de marrom bem escuro. Depois entre com a cor principal, no corpo das rosas. As pétalas laterais são com pinceladas de dupla carga, com a cor da flor no pincel e o branco na ponta, já criando o efeito de volume. E as pétalas centrais e em volta dos miolos são feitas com branco, para dar ainda mais volume.

Como comentei no post anterior, o barroco se caracteriza pelo contraste claro/escuro que conseguimos com fartas pinceladas de branco, para as “luzes” das pétalas e o escuro que conseguimos com a profundidade do acabamento envelhecido nesse “volume” de tinta.

É possível pintarmos com as tintas PVAs também, e as duas, acrílicos e PVAs têm vantagens e desvantagens. O PVA é melhor para lixar, por ser mais fluído, e acaba sendo mais indicado para dar a ideia de desgaste. Já o acrílico oferece um volume de tinta maior, justamente por ser uma tinta mais espessa. Nesse vídeo eu falo sobre as diferenças entre essas duas tintas, e vocês vão notar que em nenhum momento eu digo “essa é melhor”, ou “use essa aqui”, eu comento as diferenças entre elas e deixo para que vocês decidam qual usar, de acordo com suas preferências.

Abaixo segue a cartela de cores que usei, com as anotações a lápis. A foto não ficou muito boa, e minha caligrafia é péssima… rs Mas dá para vocês escolherem, entre as tintas que já usam, as cores mais próximas, seguindo essa tabela.

Temporada das rosas barrocas

O passo a passo e a caixa

A temporada das rosas passou por aqui e eu tirei do armário mais uma peça bem antiga para fazer uma nova pintura do Barroco Floral.

Essa caixa estava em meu ateliê há uns bons 15 anos, sem exagero. O fundo estava pintado com envelhecedor em tom de betume, e eu confesso que nem me lembrava mais qual era minha intenção com ela. Ela faz parte de um conjunto de 5 caixas grandes e bem antigas, todas pintadas com médium envelhecedor da marca Corfix, e posso imaginar que eu iria usá-las em alguma aplicação desse produto, na época em que eu trabalhava para a marca. Mas os fundos mais escuros já não me inspiraram nenhum trabalho, então decidi fazer uma pátina lixada em tom de marfim, para deixá-las mais leves. Ficaram assim:

A caixa pintada e as outras…

Apliquei a tinta acrílica decorativa fosca levemente rala, diluída com água, deixei secar bem e depois de bem seca, lixei com lixadeira elétrica, para ficar bem marcada. Tudo isso sobre o fundo envelhecido mesmo, porque a ideia era justamente dar um aspecto gasto. Gostei.

O passo seguinte foi escolher o motivo para pintar.

Eu queria fazer algo do barroco, mas estava querendo variar um pouco os riscos, fazer um motivo mais delicado, sem muitas variações de cores. Ao mesmo tempo, também queria atualizar a pintura das rosas que faço para essa técnica, para anotar em meu novo caderno de motivos. E assim saiu, pintei uma lâmina sobre papel com variações de rosas, com tamanhos diferentes e apenas em tons de amarelos e vermelhos.

Caixa finalizada

Eu ainda pretendia dar o acabamento envelhecido sobre as flores, somente sobre elas, no final de tudo. E não queria pintar a tampa, que é feita de ripas. Gostei do efeito da pátina na tampa, não queria ocultá-la com os motivos, e também achei que a caixa ficaria mais delicada com a pintura apenas nas laterais.

Vista lateral da caixa finalizada

A pintura das rosas em passo a passo eu vou mostrar no post seguinte, que irei postar amanhã. Mas segue o acabamento abaixo:

Como a caixa já tem um pátina no fundo, eu fiz o envelhecimento característico do Barroco Floral, ou Barroco Mineiro, apenas sobre as flores pintadas. Depois de pintar bem as flores, deixem que secassem bem de um dia para outro. Então, apliquei cera em pasta incolor por toda a caixa, por dentro e por fora, sobre os motivos pintados e sobre a peça toda. A cera é o acabamento final, e ao mesmo tempo, é o fundo necessário antes do médium envelhecedor.

Deixei a cera secar por uns 30 minutos, e aplique, então, o médium envelhecedor com um pincel redondo largo e macio, somente sobre as flores e folhas pintadas. Em seguida, retirei o excesso com um paninho, e deixei secar bem até o dia seguinte. No dia seguinte, lixei, suavemente, com lixa para madeira n. 220, os motivos pintados, somente eles.

Nas fotos acima pode parecer que não faz diferença, mas o acabamento envelhecido é a característica mais marcante do Barroco. E ele é baseado no contraste claro/escuro. Quando pintamos os motivos do Barroco Floral, “carregamos” nas pinceladas de branco, o claro. E o envelhecedor penetra na profundidade da pintura, criando o escuro. Quando lixamos, o desgaste da lixa faz aparecer o claro com aspecto antigo, porém com muito mais intensidade.

Veja nas fotos abaixo em destaque, de outra peça, o efeito:

Antes de lixar

Depois de lixar

O lixamento elimina o efeito “embaçado” do envelhecedor. Eu gosto muito.

Detalhe da caixa pronta

Amanhã vou publicar o passo a passo da pintura dessas rosas para vocês. Não deixem de passar por aqui e comentar, me contem o que vocês acham de rosas e do efeito envelhecido.

Um novo caderno

O meu livro da Pintura Bauernmalerei está quase saindo, mas ainda nem ficou pronto, com meu primeiro caderno de motivos, e já estou pensando no próximo caderno… Rs.

O primeiro caderno, que estará no livro, ainda durante sua produção, ano passado…

É assim mesmo, não é, gente? Quando gostamos muito de uma coisa, não há limites!

E justamente por isso resolvi iniciar um novo caderno esse ano, e a cada nova peça que eu pintar, uma página será pintada também, com o passo a passo.

Uma das páginas, Bauernmalerei com inspiração no Rosemaling, da Noruega

Bem, na verdade não dá para dizer que a cada nova peça eu vou fazer uma página, mas sempre que eu fizer um novo motivo, que eu ainda não tenha feito, ele será registrado.

Abaixo, a página do Barroco Floral, com algumas opções bem diferentes de motivos. 😉

Barroco Floral ou Barroco Mineiro

A única coisa diferente é que esse meu novo caderno é um pouco maior que o primeiro, e suas páginas são de um papel com gramatura menor. Ambos são da marca Canson, muito bons. Mas o primeiro eu comprei há bastante tempo, as páginas tinham gramatura de 200g. Não achei mais.

Esse, novo, tem gramatura de 140g, mais fino, por isso não irei pintar o verso, como fiz com o primeiro, pintarei apenas a frente, para que a pintura de um lado não transpareça do outro. Ele tem 80 páginas, e estou pintando a quinta… a brincadeira vai longe, hehehe.

E vocês irão acompanhar tudo por aqui. 😀

Técnicas de pintura e trabalhos manuais