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Cada domingo – 14/03

Mais um domingo aqui em São Paulo.

Saindo para correr nas ruas do meu bairro…

Domingos sempre foram os meus dias preferidos de corrida na semana. Eram os dias dos meus “longões”, treinos mais longos, que variavam, dependendo de como eu estava, podia ser um treino de 12 km, não tão longo, mas também foram em domingos que corri meus 30 km, esses sim, longões de verdade.

Sombra do poste de luz na minha rua

Meu último longão de verdade, no Parque Ibirapuera, foi há quase um ano exato, lembro bem, dia 15/03/2020, último domingo que corri por lá, antes de vir a pandemia e fechar o parque. Um ano! Um ano de pandemia, um ano de treinos improvisados, um ano de tantas perdas…

Ciclofaixa na Av. Indianópolis, em São Paulo, SP.

Claro que eu sei que muita gente perdeu muito mais do que apenas os domingos no parque. Milhares perderam a vida, muito mais milhares perderam alguém querido. Muita gente perdeu o trabalho, o negócio, um curso, um diploma, o início de uma carreira, um projeto antigo… Perder as corridas no parque parece quase nada, pensando assim, eu sei. Mas é duro, porque era algo que fazia a minha semana valer a pena.

Vai passar, quando todos tivermos tomado a vacina, vai melhorar.

E eu tento pensar que minha corrida entrou no modo “manutenção”. Eu estou fora de forma, estou treinando mal, me sinto realmente desconfortável em meu corpo. É o preço desse período ruim, claro. E hoje meu “longão” é uma corridinha bem mais ou menos de 9 km na ciclofaixa de lazer que fica aqui perto de casa, onde posso ter um mínimo do gostinho do que era correr de verdade, ao menos para mim. Mas penso que essas corridinhas ruins que tenho feito são o modo que encontrei para dizer ao meu corpo: “lembre-se que esse é o corpo de uma corredora”, e não me fazer esquecer de vez o que é isso.

Quando tudo passar, eu quero acreditar que vou voltar a ter uma coisa boa, ou voltar a melhorar meus treinos gradativamente, e ter aquela ótima sensação de ir ficando em forma de novo. Quero mesmo acreditar nisso!

Porque só assim, tendo uma esperança, um objetivo, uma meta lá na frente é que a gente encontra disposição para seguir adiante, e acordar todo dia cedinho de manhã para enfrentar mais um dia de frustração.

Girassol que nasceu na rotatória da rua em que corro.

Vai passar, o sol vai nascer bonito de novo, e a gente vai ter um tempo melhor. E eu ainda espero que em 2022 mais coisas boas venham para nós. Na torcida aqui!

Cada domingo – 07/03

Hoje foi dia de tomar banho de chuva durante minha corridinha matinal, e olha, confesso que nem liguei. Quando a chuva pega a gente já na rua nem é tão ruim assim… E no fim, acho que estava precisando algo para lavar alma. Que momento difícil estamos passando, não?

Chuvinha no jardim

Eu confesso que ando bem deprimida… Faz exatamente um ano do último dia que pisei num restaurante, era um domingo, na verdade o dia mesmo era 08 de março/20, e eu tinha ido com minha filha Ana a um evento do Dia da Mulher, caiu uma chuva imensa também, maior que a de hoje até, e acabamos indo almoçar num restaurante. De lá para cá, isolamento, pandemia, e estamos nessa. Nem posso me queixar, é verdade, pois tenho uma casa e um sítio, consigo trabalhar de casa, assim como meu marido e filho, que estuda online, e temos como viver bem e com todo conforto. Mas como ficar bem sabendo que milhares, milhões de pessoas não têm as mesmas condições, e que nosso país está abandonado, sendo destruído dia a dia, justamente por quem deveria cuidar dele?

e mais chuva…

Pois é, eu não consigo não me importar… E não é só isso. Todo mundo perdeu alguém nesse ano, por Covid e por outras doenças, claro, mas nem o próprio luto pudemos viver. Eu perdi 8 pessoas próximas, incluindo meu pai. OITO. E não pude estar em nenhum velório, nenhuma despedida, nenhuma cerimônia, e nem pude chorar com as pessoas próximas a nossa dor. Então é difícil mesmo a gente não se deprimir.

E mais, a gente está vendo nosso país ser destruído, passo a passo, medida absurda por medida absurda desse desgoverno. E que me perdoem aqui aquelas e aqueles que acham que esse espaço não é para se falar disso, mas eu simplesmente não tenho como separar a minha vida em departamentos e fazer de conta que não sinto o mundo caindo ao meu redor. Tá difícil, e sei que não só para mim. Então o meu #cadadomingo de hoje é para deixar registrado que apesar de todo meu esforço para levar a vida, ser produtiva, criar e trabalhar, eu também fico triste, deprimida, desanimada, desmotivada e choro, choro de verdade, todo dia, e choro por dentro também, o tempo todo.

E mais chuva.

A chuva de hoje é como um choro, um choro que precisa cair, contínuo, como essa chuva que hoje registrei. Hoje eu estou chovendo. 🙁

Cada domingo – 28/02

Voltei para a Mantiqueira! Coisa boa!

Minha araucária preferida por aqui…
A neblina bem cedinho
A Pedra do Baú, de lado

Toda manhã eu saio para caminhar ou correr por aqui, quando estou em meu ateliê na Serra da Mantiqueira. Hoje foi dia de levar a Filó para passear, e a vista de nossa estrada é mesmo espetacular!

Foi um bom domingo. 🙂

Cada domingo – 21/02

Mais um domingo aqui em São Paulo, e acordo às 5h para correr pelas ruas perto de casa.

A corrida não anda nada boa desde que a pandemia começou. Deixei de ir ao Parque Ibirapuera, incialmente porque ele estava fechado, naturalmente. Mas agora, mesmo aberto, não me animo a ir. Tem muita gente, boa parte usando máscaras, como é obrigatório, mas muita gente sem também. E fatalmente você vai encontrar pessoas.

Tenho corrido nas ruas daqui, quando estou em São Paulo, ou nas estradas vazias do sítio, quando estou por lá. E onde é bem mais agradável.

Aqui, aso domingos e feriados, temos a ciclofaixa de lazer, nas ruas da cidade, espaço para os ciclistas. Mas ela começa oficialmente às 6h da manhã, e chegando antes, pouco depois das 5h, já é possível correr por avenidas vazias, com poucos carros de vem em quando, nada de pedestres e ainda sem os ciclistas. E essas têm sido minhas melhores manhãs de corrida na cidade, em São Paulo, no meio de ruas vazias.

Uma ambulância vai chegando, e sempre têm uma passando nesses tempos de pandemia.

Está triste, está cansativo, é desanimador vivermos no país que pior está lidando com a pandemia.
E mais um domingo, de mais um dia, dessas intermináveis semanas e meses. Até quando ficaremos assim?