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GALINHA D’ANGOLA – TÉCNICA 06

Minha sugestão de técnica para hoje é também uma homenagem a um trabalho artesanal que aprecio muito, a arte das “figureiras de Taubaté”, e minha interpretação desse trabalho vai (modestamente) com a pintura dessa singela galinha d’angola:


Galinha d’Angola

Veja o passo-a-passo completo dessa técnica, como fotos, em breve na página ATELIER – PASSO-A-PASSO do meu site www.cristinabottallo.com.br

Para quem não conhece, Taubaté é uma cidade que fica no Vale do Paraíba (SP), a 134 km da capital. As figureiras de Taubaté são as artesãs (assim chamadas porque em sua maioria são mulheres) que trabalham na região e criam um artesanato bem tradicional, modelando o barro cru e esculpindo figuras que representam seu cotidiano, a natureza de sua terra e também algumas cenas e figuras de caráter religioso.

As figureiras modelam suas obras usando barro trabalhado e amassado manualmente. Usam para dar acabamento ferramentas improvisadas, como: estiletes, facas, palitos, hastes de bambu etc. Em algumas figuras são aplicados componentes, como arame e outros materiais.

A maioria dos trabalhos são esculturas de pequeno porte e por esta razão não necessitam ser levadas ao forno para queimar, já que se tratam de objetos decorativos. As peças são secas ao tempo, por cerca de 24 horas. E, após secagem, são pintadas detalhadamente com tintas para artesanato de fixação a frio. Uma das características mais marcantes do trabalho das figureiras são as cores vibrantes das peças e ricos adornos, que complementam e detalham cada motivo.

Os principais tipos e cenas abordados pelas figureiras são: O Pavão, também chamado Galinho do Céu, sob várias formas e sua Chuva. A Galinha d’Angola sozinha e na forma de chuva, a Arca de Noé, os tipos regionais-lavadeiras, passadeiras, jardineiros, lenhadores, vendedores de galinha, mulher alimentando as galinhas com milho, mulher socando o pilão, preta velha, pescador, violeiro, pedreiro, sanfoneiros, palhaço, carro de boi, os animais- bois, carneiros, raposas, beija-flores, burrinho, galo, galinha, pavão, onça, joaninha e muitos outros; as danças típicas como a quadrilha, o bumba meu boi, a dança-da-fita, entre outras.


Pavão – Imagem de arquivo


Chuva de Pavão – Imagem de arquivo

O site oficial das figureiras de Taubaté, para quem quiser saber mais sobre essa arte, é www.casadofigureiro.com.br

Aproveito que estou falando do interior de São Paulo para deixar aqui registrada minha solidariedade e imensa tristeza pelo lamentável ocorrido em São Luís do Paraitinga, cidade do interior de São Paulo, tombada pelo CONDEPHAAT como Patrimônio Histórico, e que foi quase que totalmente destruída pelas chuvas dos últimos dias. Eu estive por lá duas vezes ano passado, e digo a vocês que essa é uma cidade adorável, com sua população cordial e hospitaleira, seus casarões e igrejas coloniais muito bem preservados, ateliês de artesanato e restaurantes típicos muito agradáveis. A cidade de São Luís do Paraitinga também tinha uma das festas de Carnaval mais tradicionais e populares do Estado de São Paulo, além da maior Festa do Divino Espírito Santo.

Fiquei realmente muito chateada com o ocorrido, e torço para que nossos governantes ajudem a cidade a ser reconstruída o quanto antes. Ontem eu levei doações para a cidade, um gesto pequeno, mas espero que alivie um pouco o sofrimento da população de lá. É realmente muito triste o que aconteceu por lá e em todas as outras cidades de nosso país que têm sofrido muito com a chuvas, como Angra dos Reis no RJ, as cidades do sul, que sofreram muito ano passado e muitas outras…


Igreja Matriz São Luís de Tolosa, em janeiro do ano passado


Aqui estou em frente a um dos ateliês da cidade, com um dos bonecos típicos da cidade, também em janeiro de 2009


BOLSA COM APLIQUES DE TECIDO – TÉCNICA 05

A minha sugestão para hoje é uma técnica simples para aproveitarmos aqueles retalhinhos de tecido que sempre guardamos: uma bolsa bem colorida e divertida!


Bolsa com apliques de tecido

Como eu não sou muito boa em costura, comprei uma bolsa de jeans bem simples. Hoje é fácil encontrarmos algumas bem legais e a um preço bom, mas se você souber costurar, melhor ainda – faça a sua própria bolsa… E siga o passo-a-passo abaixo para fazer os apliques:

– Pegue vários retalhos de algodão cru e pinte com tintas para tecido em cores bem variadas. Não é preciso nenhuma técnica, apenas vá pincelando as tintas em diversas direções. Para algumas cores, pinte completamente o tecido e para outras, crie um efeito manchado deixando parte do tecido sem pintar.

– Para criar efeitos de textura interessantes, utilize também um rolinho de espuma com textura para pintar algumas das cores. Deixe secar bem.

– Aplique duas demãos de Termolina Leitosa em cada retalho de tecido, pelo avesso e pelo lado da frente, para deixá-los impermeáveis e para que o tecido não desfie ao ser recortado. Aguarde secagem completa novamente.

– Recorte várias estrelas (ou outro motivo que desejar) em tamanhos variados nos diferentes retalhos de tecido e costure-as na bolsa com linhas de bordado e ponto-atrás, ponto alinhavo ou ponto zigue-zague simples, feitos a mão. Utilize cores contrastantes de linhas para bordar cada aplique de tecido.

É bem simples, como vocês podem observar, e fica bem legal. Vejam outra sugestão:


Bolsa de Jeans com apliques

Essa mesma técnica pode ser feita em camisetas também. E para quem nunca fez pitnura em tecidos, algumas dicas:

– Lave os tecidos antes de pintá-los para fixar bem as tintas.

– A Termolina Leitosa é uma espécie de goma. Ela deve ser aplicada sempre depois da pintura, e sua função nessa técnica é impedir que o tecido desfie ao ser recortado.

– Para facilitar seu trabalho, estique e fixe os retalhos de tecido que irá pintar em uma placa de papelão ou madeira preparada com Cola Permanente.

E se você gostou dessa idéia e quer saber mais sobre pintura em tecidos, viste meu site, que é o www.cristinabottallo.com.br e vá até a página ATELIER – PASSO-A-PASSO.

Abraços e até amanhã,
Cristina


AQUARELA RUPESTRE – TÉCNICA 04

A idéia de hoje é uma pintura em papel feita com tinta aquarela e inspirada em desenhos rupestres>

As pinturas rupestres são aquelas realizadas por indivíduos de povos primitivos diretamente nas rochas. Rupestris, do latim, rupes,is – rochedo.

Acredita-se que tais desenhos tinham finalidades diversas, como o registro de alguns acontecimentos relevantes do cotidiano desses indivíduos, registros com finalidades didáticas, rituais de fertilidade, e até mesmo registros de passagem do tempo. Existem diversos sítios arqueológicos no mundo todo com pinturas rupestres, e aqui no Brasil a região mais conhecida por concentrar o maior número de sítios arqueológicos com essas pinturas já encontrada é a Serra da Capivara, que fica no Estado do Piauí.

Eu ainda não visitei essa região de nosso país, mas pretendo fazê-lo.

É muito emocionante ver uma pintura rupestre, e essa emoção eu já experimentei, em 2007, na Espanha. Estava de férias com meu marido na região de Sevilla e fomos visitar uma cidadezinha chamada Ronda. No caminho vimos uma indicação de uma caverna, chamada Cueva de La Pileta, conhecida por suas pinturas rupestres, e decidimos visitá-la. Demos muita sorte porque só é possível entrar na caverna com um guia epecializado e em grupos pequenos, de no máximo 10 pessoas. Chegamos cerca de meia hora antes do grupo sair, por pura coincidência, e, felizmente pudemos acompanhá-los. Foi uma das maiores emoções que já senti quando vi a figura de um enorme peixe, de quase um metro, desenhado em uma das paredes. Foi como me conectar com meus ancestrais pintores!

Acho que o efeito manchado e transparente da aquarela fica muito interessante quando usado nessas pinturas, afinal não temos o controle totoal sobre esse material e novas tonalidades e manchas vão aparecendo, dando a impressão de marcas do tempo.

Nas pinturas originais eram usados pigmentos extraídos de rochas e plantas misturados com gordura animal ou vegetal, e naturalmente não havia uma gama de cores tão variada como a que dispomos hoje, por isso escolha apenas algumas cores para compor sua cena. Faça primeiro a pintura do fundo (céu, montanha ou chão da paisagem), com duas ou três cores, deixando alguns espaços do papel sem pintar…

… e complete pintando os demais elementos com alguma cor contrastante. Deixe secar bem e depois pegue um pincel para filetes com tinta guache preta faça as figuras e detalhes da pintura. Utilize um papel próprio para aquarela e emoldure as pinturas.

As minhas pinturas são pequenas, de no máximo 15×18 cm, e ficam muito bacanas quando colocadas em grupos de 3 ou 4 juntas na parede. Experimente fazer também!


MINI ÁLBUM DE SCRAPBOOK – TERCEIRO POST DO ANO

Minha sugestão para hoje é um trabalho muito simples, que você poderá fazer sem nenhuma dificuldade. Um mini álbum encadernado:


Mini álbum encadernado com espiral

Essa idéia é para você aproveitar sobras de papel, fitinhas, apliques, enfim, todas aquelas “coisinhas” que nós, que adoramos artesanato, costumamos colecionar… Um mini álbum de scrap feito com encadernação em espiral, que você poderá fazer em uma copiadora ou papelaria que faça encadernação (todo lugar tem uma lojinha que faz isso, procure a mais próxima de sua casa…).

Veja como fazer:

– Pegue vários retalhos de papel de scrap ou cartolina colorida e recorte no mesmo tamanho, por exemplo, 15×15 cm.

– Trabalhe em cada um deles uma composição feita com uma foto e algum detalhe: o resto de uma gravura em papel que você usou em outra página…

– Ou então cole apliques diferentes, palavras, recortes de revistas…

– Ou ainda retalhos de fitilhos, viés, bordadinhos…

Não se esqueça de utilizar fita banana para colar alguns detalhes em uma altura maior, criando um efeito divertido. Depois leve todas as páginas para uma copiadora ou papelaria e peça para que façam uma encadernação com espiral e capa plástica incolor. Enfeite o mini álbum com uma fitinha, se desejar, e pronto!

Dicas: faça o mini álbum com 10 páginas, que é uma boa quantidade. E ao montar cada uma delas observe a distribuição dos elementos em relevo, espalhando-os bem em toda extensão das páginas para que o mini álbum não fique deformado.

É fácil de fazer, divertido, e uma excelente sugestão de lembrança!


ÁRVORE DA VIDA – SEGUNDO POST DO ANO

Olá a todos!

Continuando minha proposta de colocar uma idéia nova por dia em meu blog, segue a técnica de hoje:


Árvore da Vida

Essa é mais uma idéia usando o desenho de uma árvore como tema. Como eu disse anteriormente, as árvores são temas recorrentes em meu trabalho, e achei que começar o ano com a inspiração de algumas delas seria bem legal…

Esse é um quadro em serigrafia montado em 3D. Eu fiz as gravuras nessa técnica (serigrafia) e depois recortei algumas partes e fui colando em camadas, para criar o efeito tridimensional. Essa é uma técnica que faço com frequência, mas nesse modelo eu variei o tipo de moldura e os recortes e colagens, já que esse desenho permite infinitas combinações…

A SERIGRAFIA
A Serigrafia (ou silkscreen, quer dizer seri: seda grafia:escrita) surgiu no final do século IX, mas foi precisamente em 1907 que o inglês Samuel Simon patenteou a técnica de estamparia que utilizava um líquido isolante para pintar uma imagem negativa em tela de seda, que posteriormente seria utilizada para estampagem de tecidos. Alguns anos antes o artista inglês William Morris já havia utilizado um processo semelhante com finalidades artísticas. A serigrafia, portanto nasceu com um pé na indústria (destinada à estampagem industrial) e um pé na arte. Por isso esse método de reprodução gráfica sempre dividiu as opiniões dos críticos de arte, durante muito tempo a serigrafia não foi considerada uma técnica de gravura artística.

Hoje em dia a serigrafia não é mais descriminada e é reconhecida como uma técnica de gravura artística também, além de continuar sendo largamente utilizada pela indústria. O método de gravação da matriz utilizada na serigrafia é por permeação, ou seja, é feita uma pressão com o rodo sobre a tela, fazendo com que a tinta transpasse o tecido da tela e imprima a imagem no suporte desejado. 

A técnica da serigrafia consiste em bloquearmos o tecido que é esticado no bastidor (tela) com algum produto líquido (emulsão), utilizando o método direto (quando levamos esse líquido bloqueador direto ao tecido com o auxílio de um pincel, por exemplo) ou indireto, quando utilizamos um processo fotográfico, criando uma imagem em um fotolito, bloqueando as partes do desenho que desejamos reproduzir e expondo essa imagem à tela preparada com uma emulsão sensível à luz. As partes que estão bloqueadas nesse fotolito irão impedir que a luz passe, e, portanto, que a emulsão fixe-se nessas áreas, produzindo assim a matriz por onde a tinta irá passar. É um método de reprodução positiva da imagem: o que eu desenhar no fotolito corresponde exatamente ao que será impresso posteriormente. Esse é o método que eu utilizo. 

Caso vocês queiram saber mais sobre a técnica de serigrafia, no final de dezembro passado saiu a edição número 05 da revista ARTESANATO DIGITAL, da editora Terabyte, que além de ensinar essa téncica (serigrafia), também apresenta muitas outras técnicas de colagem, scrapbook e muito mais, com trabalhos meus, do Marcelo Darghan e do Vlady, grandes artistas e amigos. Essa revista vem com o passo-a-passo digital, um CD-ROM para vc rodar em seu computador (veja as especificações do tipo de computador na contra-capa da revista).


Revista Artesanato Digital número 05

Espero que vocês gostem da idéia…
E como já sabem, amanhã tem mais!

Um abraço,
Cristina


APLICAÇÃO DE RELEVOS E TEXTURAS EM TELA

As técnicas que utilizam texturas e relevos nas pintura feitas com óleos e acrílicos sobre tela são muito apreciadas e, para garantir a qualidade desses trabalhos, é preciso conhecer bem os materiais e suas aplicações. Veja as dicas abaixo:

Gesso Acrílico: é o produto utilizado para preparar os tecidos das telas. Deve ser aplicado com rolo de espuma, para uma aplicação uniforme e sem excessos. Recomenda-se de duas a três demãos, sempre intercalando secagem. Pode-se lixar a superfície após a secagem completa para obter uma textura mais suave. O gesso é formulado com uma série de componentes que garantem uma boa impermeabilização do tecido e, ao mesmo tempo, uma perfeita aderência da tinta na superfície. Além disso, o gesso tem em sua formulação fungicidas que protegem o tecido contra mofo e fungos. Ao substituir o gesso por misturas feitas com tintas PVA e cola branca, corre-se o risco de aplicar um preparado que impermeabilize demais o tecido, vedando sua trama e impedindo a perfeita aderência da tinta. Além disso, tais materiais não são tão resistentes ao tempo e umidade e podem causar alterações na pintura com o passar do tempo. O gesso deve ser aplicado nas telas antes da pintura com óelos ou acrílicos, com ou sem texturas e relevos.

Pasta para Modelagem: a pasta para modelagem é o produto indicado para criar efeitos de textura e relevos em telas, pois trata-se de um produto extremamente resistente e ao mesmo tempo flexível, o que é fundamental para um bom trabalho, uma vez que será aplicado sobre um tecido igualmente flexível.Se aplicarmos nas telas texturas e outros produtos indicados para superfícies rígidas, como massa corrida ou texturas para parede, corre-se o risco de que tais aplicações, apenas com o movimento do tecido no bastidos da tela, causem rachaduras, craquelamentos e até mesmo o desprendimento da aplicação. A pasta para modelagem é o único prooduto indicado para esse trabalho justamente por ser flexível e acompanhar o movimento do tecido. Em sua formulação a pasta também apresenta fungicidas para evitar a formação de fungos e após a secagem completa é extremamente resistente.Veja abaixo com aplicar a pasta corretamente:

– Aplique com espátulas, esponjas ou pincéis, sempre em camadas mais finas sobrepostas (no caso de aplicações mais grossas) ou uma única camada aplicada de uma vez só, desde que não seja gorssa demais.
– Evite aplicar uma camada grossa de um única vez, pois a secagem mais lenta dessa camada pode causar a formação de rachaduras na aplicação. Isso ocorre porque, numa camada grossa, a secagem se dá inicialmente na superfície da pasta. Como a parte interna se mantém úmida por mais tempo, a parte superior seca primeiro e sofre uma retração natural (encolhimento), formando as rachaduras.
– Você pode tingir a pasta com tintas acrílicas se desejar a textura já colorida. Além disso, pode-se misturar outros elementos na pasta para criar efeitos diferentes, como areia, serragem, folhas desidratadas etc.
– Pode-se fixar objetos na tela diretamente sobre a aplicação feita com a pasta, basta colocá-los sobre uma boa camada de pasta ainda úmida. Você pode fixar tecidos, papéis, cordões, pedras, conchas, pedaços de plástico etc.
– As telas com aplicações de pasta ficam muito mais pesadas, por isso utilize uma tela ou painel de boa qualidade, com a estrutura reforçada ao fazer tais aplicações.
– A pasta apresenta acabamento fosco e, para obter um efeito mais intenso da pintura diretamente sobre as aplicações, aplique uma demão de tinta acrílica branca para telas sobre a pasta seca.
– A secagem da pasta varia de acordo com as condições climáticas e a espessuar das camadas aplicadas. Em geral, recomenda-se de dois a três dias para secagem.
– Caso você vá desenhar sobre a pasta, formando grafismos ou efeitos similares, trabalhe imediatamente após a aplicação da pasta, uma vez que a secagem inicia-se assim que a pasta entra em contato com o ar. Mantenha o pote de pasta bem tampado para que não seque.