Encarando o trabalho artesanal com profissionalismo

Meu editorial de hoje no site do Clube de Artesanto, uma conversa boa para quem gosta e faz artesanato, como eu.

Quem trabalha com artesanato e produção artesanal conhece bem todas as dificuldades da atividade, e, particularmente algumas delas: falta de reconhecimento, remuneração muitas vezes instável e sazonal, informalidade nas relações comerciais.

Naturalmente existem exceções, mas essa é a realidade da esmagadora maioria dos profissionais. E o problema está justamente aí: a dificuldade em se posicionar como uma profissional.

Muitos artesãos iniciam a atividade como um complemento para sua renda formal, ou, em outros casos, como uma renda adicional ao orçamento doméstico, quando nem há um emprego ou atividade principal. E dessa mesma maneira informal com que o artesão se relaciona com o próprio trabalho, é como as pessoas irão tratar com ele, sem compromisso.

Como mudar essa relação e passar a ser olhado com o respeito profissional merecido?

O primeiro passo é você, artesã ou artesão, encarar seu trabalho com profissionalismo também. É muito comum percebermos que há uma grande informalidade na relação do artesão com seu trabalho, e esse é, sem dúvida, um grande erro.

O artesão não deve simplesmente cuidar de suas amostras, arrumar sua mesa de trabalho e ir atrás de encomendas. Ele deve, sobretudo, conhecer muito bem sua produção para tirar o maior proveito dela, deve saber oferecer seu trabalho valorizando-o devidamente, deve conhecer sua capacidade de produção real para não se comprometer com encomendas que não consegue entregar e deve manter suas contas em dia, não apenas para não ficar sem recursos, mas, principalmente, para saber cobrar pelo seu trabalho.

Abaixo seguem algumas dicas que podem ajudá-la (o) a se organizar e se colocar de forma profissional:

– Mantenha um catálogo atualizado de seus produtos, com amostras e tabelas de preço também atualizadas. Nada menos profissional do que mostrar uma peça de sua produção e não saber dizer o preço a um possível cliente, quando solicitado.

– Tenha muito claro o tempo que você leva para executar uma peça, caso trabalhe com encomendas. E cumpra o prazo combinado, demonstrando profissionalismo, nesses casos.

– Organize seu estoque de matéria prima, não guarde material demais, nem corra o risco de não ter como atender a um pedido por falta de algum produto. Observe sua produção, saiba quanto você utiliza de cada matéria prima em um determinado prazo, e mantenha seu estoque em dia.

– Se optar por trabalhar com encomendas, faça um pedido por escrito, coloque todas as especificações e prazo de entrega, os dados do cliente, contatos. Não há nada menos profissional do que a informalidade no pedido. O cliente precisa perceber que está se comprometendo com a compra e que você é comprometido com seu trabalho.

– É preciso saber aproveitar as oportunidades e fazer sempre bons negócios, mas não aceite fazer grandes mudanças em sua produção se isso não for realmente um ótimo negócio. Descaracterizar seu trabalho, aceitar trocar alguma matéria prima por outra de menor qualidade ou mudar totalmente seu estilo apenas para não deixar de fazer uma venda pode ser um grande erro. A produção artesanal é personalizada e traz a marca do artesão, se você descaracterizá-la, demonstrará falta de profissionalismo também.

Pense nesses tópicos acima e lembre-se do principal: para conseguir o respeito dos outros, você precisa, antes de mais nada, se respeitar. Seja profissional e as pessoas irão tratá-la (o) com profissionalismo também. Esse é um tema muito importante, e que certamente será retomado nesse espaço.

Cristina Bottallo


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