Bom dia!

Hoje eu acordei meio assim, achando que a corrida mais longa que costumo fazer aos domingos não seria lá essas coisas, estava meio dolorida, meio desanimada…

Nem precisa ser um especialista para saber o motivo disso tudo, passei um susto e uma chateação bem grandes essa semana, e essas coisas minam nossas energias. Fiquei com o pescoço, que já andava dolorido, ainda mais tenso, o sono complicou, meu intestino, que é meu órgão de choque, doendo bastante. Esse é o preço físico que pagamos pelas chateações da vida. E nossos ânimos também sofrem, dá uma desanimada…

A verdade é ontem mesmo eu já estava achando que não correria direito – o que é um tremendo erro, a gente já começa perdendo. Mas como eu sei que a corrida normalmente me levanta o astral, fiz o que deveria ser feito. Afinal, correndo eu poderia colocar também os pensamentos em ordem, tentar organizar as idéias, coisas assim…

O despertador tocou às 4h30. Fiquei enrolando um pouco, levantei perto das 5h, me arrumei e comecei o treino 5h30. Perfeito! A primeira etapa estava vencida, cheguei no parque na hora que eu havia planejado.

Comecei a correr e a primeira música que tocou no meu som foi a “Coisas que eu sei”, da Dani Carlos. E essa frase acima é dessa música, “…as noites ficam claras no raiar do dia…”. E tudo fez o maior sentido.

Adoro ver o dia nascer, por isso gosto de correr tão cedo. Quando comecei a corrida ainda estava escuro, e a cidade de São Paulo vista do parque Ibirapuera fica com outra cara. Aos poucos o sol vai aparecendo e as cores do dia vão surgindo, a cidade vai mudando também.

As noites ficam claras com o raiar do dia assim como as coisas se organizam e ficam melhores com o passar do tempo, e não vale mesmo a pena ficar amargando as tristezas…

O que aconteceu comigo não é exclusividade minha nem foi a pior das situações, muito pelo contrário. Pensando bem, ficou até barato. Mas todo tipo de violência deixa marcas, e isso é chato. Perder coisas que são importantes também é muito chato, mas não é o fim do mundo. E o tempo melhora tudo, isso é um fato.

Eu não corri os 18km de sempre, mas corri 16km, e bem. Parei porque estava cansada e um pouco dolorida, e também por consideração às minhas pernas, afinal elas deram conta daquele treino e eu não queria abusar, exigir de mais de mim mesma.

Fiquei pensando nisso… Acho que com muita frequência a gente faz isso. A gente passa por situações difíceis, por tempos ruins, por crises, e como a vida é corrida demais, a gente esquece do tempo necessário para tudo voltar ao normal, vai acumulando o cansaço, o estresse, as tristezas… Aí uma hora a gente entrega os pontos e não sabe por que, ainda fica se culpando, achando que não é forte o suficiente. Que grande erro!

Não vou mais me cobrar assim. Não vou exigir de mim mais do que posso oferecer. Dia desse eu estava chateada, pensando em tudo que eu não fiz, mas me esqueci de pensar nas coisas que eu fiz, sim.

Isso não parecer um absurdo? A gente se cobra pelo que não tem, pelo que perdeu, pelo que era, pelo que passou, pelo que não volta mais, mas com muito menos frequência, valorizamos aquilo que é nosso, aquilo que temos e ninguém toma, aquilo que conquistamos. Ô vida sem sentido!

Bem, o dia clareou para mim e minhas ideias também, pelo menos um pouco.

Sim, eu perdi coisas importantes essa semana, perdi coisas de valor, coisas que não vou recuperar, e perdi tempo também, tempo perdido arrumando a bagunça que eu não fiz. Ok, inevitável. Mas Eu ainda tenho muita coisa, eu ainda sou quem sou, e isso tem que bastar. Caso contrário, nada valeria a pena.

Então chega de lamentações. Vou reservar parte do dia para descansar, que meu corpo precisa e agradece, e um outro tanto de tempo para aproveitar o que tenho. E amanhã, quando o dia clarear de novo, espero que meu espírito já esteja diferente.

Bom domingo para voces também!